terça-feira, 4 de outubro de 2011

Platão dizia, em palavras bem xulas, que por mais que uma pessoa se mostrasse diferente em cada momento, e com cada ser, ela na verdade usufruía de máscaras e que sua real essência existia no interior, no plano sensível do homem, se assim pudermos colocar. Já Niezstche dizia que não, cada "máscara", gesto, ação, palavra, tudo faz parte do que a pessoa é, as máscaras são a composição da essência, e elas são a pessoa em si. Completamente anti Platônico.
Sempre gostei de Platão, por mais abstrato que ele seja. Talvez eu tenha mesmo uma ideia de que se houver um plano sensível e uma essência real dentro de nós, as coisas não fossem tão deploráveis como apresentam ser. Mas Nietzsche... Ah, Niezstche! Sempre com suas ideias e teorias que nos colocam frente à realidade e boquiabertos sobre como nós agimos.
Obviamente que um trecho ínfimo do que Nietzsche fala não faz jus a todo o seu campo filosófico. Mas esse em especial sempre me faz refletir. Somos várias pessoas. Hoje mesmo, me peguei sendo pelo menos cinco pessoas diferentes. Uma irritada, boba, brincalhona, atenta, séria e talvez até mesmo um pouco triste. E ao chegar em casa, paro e penso em como eu poderia ter agido diferente em todos os momentos do dia até então. Um gosto amargo de arrependimento das coisas ditas, dos gestos bruscos se perpetuam a cada dia em mim. Pensando assim, em como critico duramente minhas ações, Platão talvez estivesse certo... Temos um verdadeiro 'eu', mas ele nunca sai do nosso pensamento. Penso, logo existo. Mas não 'penso, logo sou'. Ser é diferente de existir, e eu não sou nada daquilo que penso que gostaria de ser. Então me deparo com Niezstche, dizendo que cada 'máscara' dita por Platão é o nosso real ser, e acabo também concordando com ele. Como alguém que por diversas vezes concorda com Platão, vem dar certeza para alguém completamente anti Platônico? De fato essa complexidade existencial e essa teorização de uma vida não são nada fáceis.
Isso me fez lembrar da curiosa questão do copo metade cheio e metade vazio. Eu sempre soube responder essa pergunta, do meu jeito. Um copo pode estar metade cheio, metade vazio e na metade. É só uma questão de análise. Como esta o seu copo?

Branco e preto ou preto e branco? Eu nunca soube responder...
Por vezes comecei com o copo meio vazio e esqueci-me de enchê-lo.
03/10/2011

Encho um copo e o coloco à mesa para começar os trabalhos. Tomo o gole inicial, e nada acontece. Fico inerte, sem saber por onde ccomeçar ou o que fazer. Mais um gole, e nada.. O copo vai ficando vazio e a tela branca sem nem uma palavra digna de um início se mostra presente, e o pensamento vai longe. O copo fica vazio e arranjo uma desculpa para sair da mesa e enchê-lo novamente, iniciando-se o ciclo que parece não acabar. O trabalho? Fazer-lo-ei às coxas, como os escravos. Não tenho paciência no momento, e do jeito que as coisas estão, minhas coxas vão ficar ocupadas moldando textos que nunca se iniciam. Dois livros abertos, um computador à mesa, e uma cabeça vazia. Até quando? O relógio nunca foi meu companheiro, por vezes até penso que tem  uma richa comigo. Ou talvez seja apenas minha imaginação pairando sobre como o tempo é relativo, dependendo do que estamos fazendo ou do quanto queremos que ele passe. Tantas coisas são iguais mas tão distintas, dependendo de cada pessoa. Grande vida, essa nossa.
Bato o copo vazio na mesa e me esqueço que a mesma é de vidro, e qualquer hora quebrar-la-ei com um desses gestos fortes de uma falsa decisão de pensamento.


Fico pensando no longo banho de chuva que tomei na noite anterior. Foram mais de cinco horas embaixo de chuva, e quer saber? Faria tudo de novo. Pular em poças, dançar com estranhos, sentir aquela água batendo no corpo, tudo isso só gera arrependimento na hora em que ficamos quietos e o frio começa a se instalar nas roupas enxarcadas e no corpo úmido. Só aí percebemos o quão gostoso é ter uma roupa quentinha e seca. Mas então, aqueço-me com um estranho que deita no meu colo e esquenta minhas mãos com as dele. Estranhos, sempre curiosos e apaixonantes! E o mais fascinante de tudo é quando eles simplesmente somem, e só deixam na memória o que passou e um primeiro nome, que pode até não ser real. Faria qualquer coisa...


Bom, melhor eu encher meu copo mais uma vez.